10 fevereiro 2015

Resenha: O Caçador de Pipas

 

“Uma recordação: Sabia que Hassan e você mamaram do mesmo leite? Sabia disso, Amir agha? Ela se chamava Sakina. Era uma linda hazara de olhos azuis, nascida em Bamiyan, e cantava para vocês velhas cantigas de casamento. Dizem que as pessoas que mamam do mesmo leite são como irmãs. Sabe disso? (Página 79)

Khaled Hosseini é um romancista e médico afegão, mas com naturalização estadunidense. Além de ter escrito O Caçador de Pipas, Khaled é autor de A Cidade do Sol.

O Caçador de Pipas conta a história de Amir e Hassan e se passa em Cabul, no Afeganistão. Dois meninos de povos diferentes. Amir pertencia ao povo pashtuns, um povo “superior” ao de Hassan, os hazaras. Hassan era o melhor amigo de Amir, era também seu empregado. Hassan era o oposto de Amir. Corajoso, destemido, fazia de tudo para e pelo Amir. Sua lealdade era algo sem precedentes. Amir era um menino medroso, nunca teve coragem de enfrentar a vida, sempre tinha alguém para lutar suas lutas. Era um menino que vivia fazendo de tudo para ter a atenção do pai. Até que um dia ele conseguiu, mas com isso a desgraça e a culpa entraram em sua vida. Quando Hassan mais precisou de ajuda, quando toda sua lealdade poderia ser retribuída por Amir, ele o abandonou. E a partir daí, a vida de Amir nunca mais foi a mesma. Segredos, relações ente pai e filho, questões relacionadas a etnia, honra, lealdade, amizade, conflitos internos, todas essas questões são abordadas neste livro.

A primeira vez que tive contato com esse livro (visual), era meu professor de português quem estava lendo. Quando perguntei a ele o que estava achando do livro ele me respondeu: “ Estou revoltado! Mesmo podendo salvar a seu amigo, Amir, que é o protagonista, o deixou sofrer. Que tipo de amizade é essa?” Agora entendi sua afirmação.

É um livro no mínimo forte. Nos faz refletir sobre todas as questões que foram citadas no resuminho aí de cima. É um livro repleto de emoções, você oscila junto com o personagem, sente suas dores, sua culpa. Se revolta em determinadas partes também. Mas o sentimento que prevalece em todo livro, foi o sentimento que me acompanhou até ao final, foi de amargura. Quando a trama é finalmente desenrolada, é algo doloroso.

“Afinal de contas, a vida não é um filme indiano. Zadagi migzara, como os afegãos tanto gostam de dizer. A vida continua, sem se preocupar com começos, finais, kamyab, nah-kam, crise ou catarse; apenas seguindo em frente, como uma caravana de kochis, lerda e empoeirada.” (Página 352)

Hassan e Amir são personagens intrigantes. Tão diferentes mas tão semelhantes. A relaçãos dos dois nos leva a pensar em como devemos tratar as pessoas, rever conceitos.

Além de sua narrativa explêndida, o livro nos transporta a  outro país nos levando a conhecer outra cultura. O livro é repleto de palavras em farsi, língua falada no Afeganistão. Você aprende diversas palavras como baba, que quer dizer pai. Também aprende algo sobre a religião predominante no Afeganistão, onde todos são muçulmanos.

O livro é narrado em primeira pessoa, o que nos leva a ter um contato maior com o personagem, entramos em sua mente. A história vai se desenrolando em tempo real, com alguns flashes de episódios passados, o que aprecio muito nas histórias. Definitivamente, é um dos melhores livros que já li, e Khaled se tornou um dos meus autores favoritos. Muita gente já leu, mas caso alguém não tenha lido é um livro que recomendo de olhos fechados. Então, se alguém jé leu, conte-me o que achou!

Classificação (1 a 5):

Título: O Caçador de Pipas

Autor: Khaled Hosseini

Editora: Nova Fronteira

Ano: 2005

Número de páginas: 368 páginas

Beijos, Bruna.



Um comentário:

  1. Acredita que tenho esse livro desde 2011 mais ou menos e nunca li.
    Espero que consiga um dia =)
    Sei que é lindo
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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